Adiamento da Obrigatoriedade dos Riscos Psicossociais na NR1 - Uma Análise Mais Profunda
- HUB CONNECTION RH
- 17 de abr.
- 4 min de leitura
A recente notícia sobre o adiamento da obrigatoriedade de incluir os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), conforme a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), continua a gerar debates intensos no setor.
Inicialmente previsto para maio de 2025, o prazo para essa importante adequação foi prorrogado para janeiro de 2026. Esta mudança, embora possa trazer algum alívio imediato, levanta questões cruciais sobre a saúde mental e o bem-estar no ambiente de trabalho, e as razões por detrás deste adiamento merecem uma análise mais aprofundada. Adiamento da Obrigatoriedade dos Riscos Psicossociais na NR1 - Uma Análise Mais Profunda.

Entendendo a Importância dos Riscos Psicossociais
É fundamental relembrar a importância dos riscos psicossociais, que englobam fatores como:
Carga de trabalho excessiva: prazos apertados, longas jornadas e pressão constante.
Falta de autonomia e controle: pouca influência sobre as decisões e a forma de realizar o trabalho.
Relacionamentos interpessoais problemáticos: conflitos, assédio moral e falta de apoio social.
Insegurança no trabalho: medo de perder o emprego, instabilidade contratual.
Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional: dificuldade em conciliar as demandas do trabalho com a vida familiar e social.
Estes fatores podem ter um impacto significativo na saúde mental dos trabalhadores, levando a quadros de stress, ansiedade, depressão, burnout e outros problemas que afetam não só o indivíduo, mas também a produtividade e o clima organizacional da empresa.
O Adiamento: Um Alívio ou um Sinal de Alerta?
A prorrogação do prazo para a inclusão dos riscos psicossociais no PGR pode ser vista sob diferentes perspectivas:
Ponto Positivo (para algumas empresas):
Mais tempo para adaptação: Empresas que ainda não iniciaram o processo de identificação, avaliação e implementação de medidas preventivas terão um prazo maior para se adequar às exigências da NR1.
Menor pressão imediata: A prorrogação pode aliviar a pressão sobre os departamentos de SST, permitindo um planeamento mais estratégico e a alocação de recursos de forma mais eficiente.
Pontos de Atenção:
Subestimação da saúde mental: O adiamento pode transmitir a mensagem de que a saúde mental não é uma prioridade urgente no ambiente de trabalho.
Riscos contínuos: Enquanto a obrigatoriedade não entra em vigor, os trabalhadores continuam expostos aos riscos psicossociais, com potenciais impactos negativos na sua saúde e bem-estar.
Oportunidade perdida: O adiamento pode ser interpretado como uma oportunidade perdida de promover ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros, focados na prevenção de problemas de saúde mental.
A Pressão das Entidades Privadas
É importante notar que este adiamento ocorreu, em parte, devido à pressão de entidades privadas, nomeadamente a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde). Estas entidades argumentam que a norma traz incertezas legais e técnicas, particularmente para micro e pequenas empresas. Alegam uma falta de clareza sobre o que as empresas devem abordar, levando a que prestadores de serviços e consultores aconselhem medidas que excedem o âmbito pretendido da NR-1, que se deveria focar na organização do trabalho e ergonomia.
Consequências Potenciais do Adiamento
Embora a CNSaúde não tenha mencionado consequências negativas do adiamento, é crucial considerar os potenciais impactos:
Exposição prolongada aos riscos: O adiamento significa que os trabalhadores continuarão expostos aos riscos psicossociais por mais tempo, aumentando a probabilidade de problemas de saúde mental.
Desigualdade: As micro e pequenas empresas, para as quais a CNSaúde pede mais tempo, podem ser as que menos recursos têm para lidar com os riscos psicossociais, criando uma desigualdade na proteção da saúde mental dos trabalhadores.
Descredibilização da norma: O adiamento pode descredibilizar a NR1, transmitindo a mensagem de que a saúde mental não é uma prioridade, e dificultando a sua implementação futura.
O Que Fazer Enquanto o Novo Prazo Não Chega?
Apesar do adiamento, é fundamental que as empresas não negligenciem a importância da gestão dos riscos psicossociais. Algumas ações podem e devem ser implementadas desde já:
Conscientização e treinamento: Promover a conscientização sobre os riscos psicossociais entre gestores e trabalhadores, oferecendo treinamentos sobre como identificar, prevenir e lidar com estas questões.
Canais de comunicação abertos: Estabelecer canais de comunicação eficazes para que os trabalhadores possam expressar as suas preocupações e dificuldades.
Avaliação proativa: Mesmo sem a obrigatoriedade imediata, realizar avaliações preliminares para identificar os principais riscos psicossociais presentes na organização.
Implementação de medidas preventivas: Adotar medidas para mitigar os riscos identificados, como a revisão da organização do trabalho, a promoção de um clima organizacional positivo e o oferecimento de suporte psicológico.
Acompanhamento e monitorização: Monitorizar continuamente o ambiente de trabalho e a saúde dos trabalhadores para identificar precocemente sinais de alerta.
O adiamento da obrigatoriedade dos riscos psicossociais na NR1, motivado pela pressão de entidades privadas, levanta questões importantes sobre a prioridade da saúde mental no trabalho. Embora possa trazer algum alívio a curto prazo, as empresas devem aproveitar este tempo adicional não para relaxar, mas para se prepararem de forma mais eficaz para a implementação das novas exigências, colocando a saúde e a segurança em primeiro lugar. A gestão dos riscos psicossociais é um investimento no bem-estar dos trabalhadores, na produtividade e na sustentabilidade do negócio.
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